O mês de março não poderia passar em branco. Foi um mês conturbado, sem muitas inspirações, mas uma coisa ficou martelando na minha cabeça depois de assistir a um capítulo da novela Viver a Vida, em que a personagem de Taís Araújo, Helena, comenta sobre sua separação com o amigo e agente Osmar: "Eu estava infeliz. E pior, eu estava me acostumando a ser infeliz". Aí pensei, "caramba, eu também já me senti exatamente assim. Era isso mesmo que estava acontecendo". E quantas outras pessoas não devem estar passando pela mesma situação agora? Isso talvez seja uma coisa muito mais comum do que imaginamos, o medo de recomeçar, de mudar o rumo de nossas vidas. Eu sabia que queria escrever algo sobre esse assunto, mas não tinha ideias de como abordá-lo. E por esse motivo fui adiando, adiando, até que o fio da meada apareceu.
O ser humano tem uma capacidade de adaptação incrível para qualquer tipo de ocasião, seja ela relacionada aos modos sociais de certo grupo ou às limitações de moradia impostas pela renda insuficiente de uma família, por exemplo. Isso é fato. A pergunta que cabe aqui é: qual o limite entre viver sob certas condições porque o universo nos impôs (aquilo sobre o qual não temos controle) e continuar vivendo sob essas condições porque nos acomodamos? Será que todo mundo que nasce em uma família sem recursos financeiros está fadado a morrer também na miséria? Será que não há realmente nada que se possa fazer para mudar esse destino? Ou será que é a falta de coragem para essa pessoa começar a agir de outra maneira, ir atrás de seus sonhos, ir à luta, que impede que o final seja diferente? A linha que separa esses dois lados é muito tênue e não cabe a nós julgarmos o comportamento dos outros levianamente, acusando-os de vagabundos ou santificando-os como coitados. Ao final de nossa jornada, cada um de nós vai se encontrar com a sua consciência e decretar a própria sentença. A questão aqui é que podemos nos sentir infelizes em vários momentos da vida, em diversas situações, e muitas vezes a escolha entre o sofrimento e a felicidade está em nossas próprias mãos, sem percebermos. Assim, eu vou discorrer sobre os relacionamentos amorosos, em particular.
Quem não conhece pelo menos um casal que parece não ter muita afinidade entre eles e até não estar em harmonia há muito tempo, mas que mesmo assim não perde a pose diante dos amigos (e inimigos) tentando demonstrar que nada de errado está acontecendo. que são muito felizes e o amor é realmente uma coisa linda de se viver? Presenciamos histórias como essas quase todos os dias, talvez em nossas próprias vidas. Mas o que leva uma pessoa a manter um relacionamento mesmo estando na cara que não vai dar certo? ou pior, mesmo uma das partes já tendo plena consciência de que não quer mais continuar, mas ainda assim fica batendo na mesma tecla? Sabemos que muitas uniões acontecem por simples capricho, provenientes de vários interesses, entre eles a satisfação da vaidade, que nada mais é do que uma massagem ao ego daqueles que necessitam disso para sentirem-se confiantes. Para esse tipo de união, o sentimento fica em segundo plano, o que interessa é ser invejado pelos outros. Já para os outros tipos, em que há um sentimento, pelo menos num primeiro momento, a dificuldade de se libertar de algo que não mais nos faz felizes seja justamente essa; nós começamos a nos dar desculpas para seguir em frente com essa pessoa em razão do sentimento que julgamos ter por ela. A verdade é que acabamos gostando mais da projeção que fazemos dessa pessoa do que aquilo que ela realmente é e nos mostra a toda hora. É difícil admitirmos que a pessoa não é o que gostaríamos que ela fosse e que não conseguimos aceitá-la dessa forma; é como se criássemos uma espécie de preconceito em nossas mentes que deve ser combatido e por isso vamos prolongando o sofrimento, dando várias chances para algo que já não existe mais. Daí surgem ideias como "ah, deve ser assim mesmo", ou "é só uma fase, logo, logo ele(a) volta a ser como era antes e tudo vai ficar bem". Ilusão. Não tem que ser assim, se já não está bom com apenas alguns anos de namoro, como vai ser depois de mais de 20 anos de casados? Não é apenas uma fase ruim, pois ela não irá passar, ela se torna crônica. As brigas e aborrecimentos inúteis tornam-se frequentes, o que só desgastam ainda mais a relação.
Entretanto, mesmo com todos esses indícios de que alguma coisa está errada no relacionamento, as pessoas preferem continuar no erro ao invés de se libertar para poderem experimentar o novo. É como se as dificuldades minassem toda a força interior das pessoas, fazendo-as acreditar que não conseguirão sobreviver ao término desse relacionamento, que nada será melhor do que o que elas já possuem. Visão adolescente dos fatos, em que tudo se transforma em uma tragédia grega. Não estou dizendo que é fácil superar um rompimento, e sim possível. É tão bom descobrirmos nosso próprio valor, que somos capazes de superar as adversidades e que as coisas podem ser tão mais leves e alegres sem a necessidade da companhia daquela pessoa! Antes de gostar de alguém devemos gostar mais de nós mesmos, só assim é possível distinguir o que nos faz bem daquilo que já não está mais de acordo com o que somos.
André Luiz, no livro Sexo e Destino (pp. 359 a 362), nos fala um pouco sobre os matrimônios terrestres. Em suma, em uniões previamente estabelecidas, sejam para a realização de um trabalho ou resgates, o divórcio é dificultado por todos os meios lícitos nas esferas superiores. Contudo, se um dos cônjuges for responsável pela ruptura da confiança e estabilidade conjugal, cabe ao outro decidir se aceita com resignação todas as dificuldades, sem repelir a afeição e a presença daquele que o agride a alma. Mesmo que a pessoa sinta-se incapaz de continuar ao lado do outro e perdoar as afrontas e deseje a separação como única solução, ela sempre terá o amparo espiritual, inclusive para a renovação de companhia e caminho, de acordo com o merecimento e necessidade de cada um. Não podemos nos esquecer, nunca, de que temos o livre arbítrio para tomar qualquer atitude. E André Luiz nos diz mais: "os Executores das Leis Universais, agindo em nome de Deus, não aprovam a escravidão de ninguém [...]".
E, para completar, o Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 5, nos ensina: "Que todos aqueles que são feridos no coração pelas contrariedades e decepções da vida interroguem friamente suas consciências. Que busquem primeiro a origem dos males que os afligem e sintam se, na maioria das vezes, não podem dizer: Se eu tivesse feito ou deixado de fazer tal coisa, não estaria nesta situação. A quem culpar então, por todas essas aflições, senão a si mesmo? Deste modo o homem é, na maior parte dos casos, o autor de seus próprios infortúnios, mas, ao invés de reconhecer isso, acha mais conveniente e menos humilhante para sua vaidade acusar a sorte, a Providência, o azar, sua má estrela, quando, na verdade, sua má estrela é a sua negligência."
O ser humano tem uma capacidade de adaptação incrível para qualquer tipo de ocasião, seja ela relacionada aos modos sociais de certo grupo ou às limitações de moradia impostas pela renda insuficiente de uma família, por exemplo. Isso é fato. A pergunta que cabe aqui é: qual o limite entre viver sob certas condições porque o universo nos impôs (aquilo sobre o qual não temos controle) e continuar vivendo sob essas condições porque nos acomodamos? Será que todo mundo que nasce em uma família sem recursos financeiros está fadado a morrer também na miséria? Será que não há realmente nada que se possa fazer para mudar esse destino? Ou será que é a falta de coragem para essa pessoa começar a agir de outra maneira, ir atrás de seus sonhos, ir à luta, que impede que o final seja diferente? A linha que separa esses dois lados é muito tênue e não cabe a nós julgarmos o comportamento dos outros levianamente, acusando-os de vagabundos ou santificando-os como coitados. Ao final de nossa jornada, cada um de nós vai se encontrar com a sua consciência e decretar a própria sentença. A questão aqui é que podemos nos sentir infelizes em vários momentos da vida, em diversas situações, e muitas vezes a escolha entre o sofrimento e a felicidade está em nossas próprias mãos, sem percebermos. Assim, eu vou discorrer sobre os relacionamentos amorosos, em particular.
Quem não conhece pelo menos um casal que parece não ter muita afinidade entre eles e até não estar em harmonia há muito tempo, mas que mesmo assim não perde a pose diante dos amigos (e inimigos) tentando demonstrar que nada de errado está acontecendo. que são muito felizes e o amor é realmente uma coisa linda de se viver? Presenciamos histórias como essas quase todos os dias, talvez em nossas próprias vidas. Mas o que leva uma pessoa a manter um relacionamento mesmo estando na cara que não vai dar certo? ou pior, mesmo uma das partes já tendo plena consciência de que não quer mais continuar, mas ainda assim fica batendo na mesma tecla? Sabemos que muitas uniões acontecem por simples capricho, provenientes de vários interesses, entre eles a satisfação da vaidade, que nada mais é do que uma massagem ao ego daqueles que necessitam disso para sentirem-se confiantes. Para esse tipo de união, o sentimento fica em segundo plano, o que interessa é ser invejado pelos outros. Já para os outros tipos, em que há um sentimento, pelo menos num primeiro momento, a dificuldade de se libertar de algo que não mais nos faz felizes seja justamente essa; nós começamos a nos dar desculpas para seguir em frente com essa pessoa em razão do sentimento que julgamos ter por ela. A verdade é que acabamos gostando mais da projeção que fazemos dessa pessoa do que aquilo que ela realmente é e nos mostra a toda hora. É difícil admitirmos que a pessoa não é o que gostaríamos que ela fosse e que não conseguimos aceitá-la dessa forma; é como se criássemos uma espécie de preconceito em nossas mentes que deve ser combatido e por isso vamos prolongando o sofrimento, dando várias chances para algo que já não existe mais. Daí surgem ideias como "ah, deve ser assim mesmo", ou "é só uma fase, logo, logo ele(a) volta a ser como era antes e tudo vai ficar bem". Ilusão. Não tem que ser assim, se já não está bom com apenas alguns anos de namoro, como vai ser depois de mais de 20 anos de casados? Não é apenas uma fase ruim, pois ela não irá passar, ela se torna crônica. As brigas e aborrecimentos inúteis tornam-se frequentes, o que só desgastam ainda mais a relação.
Entretanto, mesmo com todos esses indícios de que alguma coisa está errada no relacionamento, as pessoas preferem continuar no erro ao invés de se libertar para poderem experimentar o novo. É como se as dificuldades minassem toda a força interior das pessoas, fazendo-as acreditar que não conseguirão sobreviver ao término desse relacionamento, que nada será melhor do que o que elas já possuem. Visão adolescente dos fatos, em que tudo se transforma em uma tragédia grega. Não estou dizendo que é fácil superar um rompimento, e sim possível. É tão bom descobrirmos nosso próprio valor, que somos capazes de superar as adversidades e que as coisas podem ser tão mais leves e alegres sem a necessidade da companhia daquela pessoa! Antes de gostar de alguém devemos gostar mais de nós mesmos, só assim é possível distinguir o que nos faz bem daquilo que já não está mais de acordo com o que somos.
André Luiz, no livro Sexo e Destino (pp. 359 a 362), nos fala um pouco sobre os matrimônios terrestres. Em suma, em uniões previamente estabelecidas, sejam para a realização de um trabalho ou resgates, o divórcio é dificultado por todos os meios lícitos nas esferas superiores. Contudo, se um dos cônjuges for responsável pela ruptura da confiança e estabilidade conjugal, cabe ao outro decidir se aceita com resignação todas as dificuldades, sem repelir a afeição e a presença daquele que o agride a alma. Mesmo que a pessoa sinta-se incapaz de continuar ao lado do outro e perdoar as afrontas e deseje a separação como única solução, ela sempre terá o amparo espiritual, inclusive para a renovação de companhia e caminho, de acordo com o merecimento e necessidade de cada um. Não podemos nos esquecer, nunca, de que temos o livre arbítrio para tomar qualquer atitude. E André Luiz nos diz mais: "os Executores das Leis Universais, agindo em nome de Deus, não aprovam a escravidão de ninguém [...]".
E, para completar, o Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 5, nos ensina: "Que todos aqueles que são feridos no coração pelas contrariedades e decepções da vida interroguem friamente suas consciências. Que busquem primeiro a origem dos males que os afligem e sintam se, na maioria das vezes, não podem dizer: Se eu tivesse feito ou deixado de fazer tal coisa, não estaria nesta situação. A quem culpar então, por todas essas aflições, senão a si mesmo? Deste modo o homem é, na maior parte dos casos, o autor de seus próprios infortúnios, mas, ao invés de reconhecer isso, acha mais conveniente e menos humilhante para sua vaidade acusar a sorte, a Providência, o azar, sua má estrela, quando, na verdade, sua má estrela é a sua negligência."
Que lindo Bruna! Me identifiquei bastante com a situação...as vezes as pessoas ficam tão condicionadas a viver uma situação que não prestam atenção a sua volta. Acostumam-se e acomodam-se com o que não as fazem mais felizes.
ResponderExcluirPrimeiro é preciso ter consciência de que algo está errado, segundo, é preciso ter coragem para mudar!
Acho que todo mundo deveria viver APAIXONADO, não somente por alguém, mas por sí mesmo, pela vida...
"...DANCE como se ninguém, estivesse vendo...TRABALHE como se não precisasse de dinheiro...AME como se nunca tivesse sido magoado antes...ACREDITE como se não houvesse frustação...GRITE como se ninguém estivesse ouvindo...BEIJE como se fosse eterno...SORRIA como se não existissem lágrimas...ABRACE como se fossem todos amigos...VÁ como se não precisasse voltar...PROPONHA como se não existissem as recusas...LEVANTE como se não tivesse caído...MERGULHE como se não houvesse medo...VIVA como se não houvesse fim... Prefira SER ao invés de ter...SENTIR ao invés de fingir...ANDAR ao invés de parar...
APAIXONADOS não esperam...AGEM..."(JR. Rouças)
Beijoooo.
Inspiradora, motivadora e verdadeira essa mensagem....uma grande "sacudida" na alma daqueles que se acomodaram com a vida que têm (e aí se enquadra a maioria de nós humanos) e que se resignam com as dificuldades sem ao menos tentar "dar a volta por cima"....
ResponderExcluirParabéns pelo texto!!!!
bjinhosss
Obrigada, meninas! Fico feliz de ver que as pessoas estão lendo e pensando a respeito dos assuntos que coloco em questão. O objetivo do blog é justamente esse, trocar experiências e opiniões, sempre!!!
ResponderExcluirbjos